Aceitando a outra medicina

Por Administrador 22/07/2000

Aceitando a outra medicina

Aceitando a outra medicina

Aumenta nas prefeituras da região a oferta de tratamentos alternativos

NOSSA BAIXADA
Domingo, 23 de Julho de 2000.

Por Rose Maria

Aceitando a outra medicinaShiatsu para tratamento de artrite e acupuntura para combater depressão e insônia no Centro de Saúde de Nilópolis; atendimento homeopático em casa para idosos, oferecido pelo Ambulatório São Judas Tadeu, conveniado com o SUS, em Jardim Primavera, ou mesmo consultas em homeopatia no PAM 404, no bairro Vinte e Cinco de Agosto, Duque de Caxias. Equoterapia (terapia com cavalos) para reabilitação física e mental de crianças portadoras de necessidades especiais, com acompanhamento de fisioterapeutas e psicólogos, entre outros especialistas, em São João de Meriti: as terapias alternativas estão ganhando cada vez mais espaço na Saúde Pública da Baixada Fluminense e conquistando, a cada dia, mais adeptos em consultórios particulares.

Os preços na região são mais modestos que os do Rio de Janeiro e terapeutas aceitam até gêneros alimentícios como forma de pagamento

— “Eu acho fantástico. A questão hoje é que precisamos olhar o ser humano como um todo” acredita o Secretário de Saúde de Caxias, Danilo Gomes, formado numa escola de homeopatas. Gomes avalia a opção por técnicas naturais venha até da necessidade de economizar custos. “Um tratamento a base de fitoterapia (extrato de plantas), por exemplo, é muito mais barato que o convencional. Tanto que já desenvolvemos um programa no setor e, em parceria com a Unigranrio, pensamos em amplia-lo”, anuncia.

Novos cursos

As prefeituras também oferecerão cursos. O Terapeuta Holístico Rodolfo Correa Lima inicia em agosto, a convite da Secretaria de Cultura de Duque de Caxias, o Curso de Do-In para terceira idade. Já Sandra Rosa também ensina, a partir de agosto, segredos da fitoterapia para os 48 agentes comunitários da Pastoral da Saúde da Diocese de Caxias e Sã João de Meriti.

Terapeutas elogiam, Cremej condena

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), Abdu Kexfe, disse que não tem nada contra a expansão das terapias alternativas no serviço público de Saúde, desde que as prefeituras adotem especialidades já reconhecidas legalmente, o que não e o caso do Shiatsu, por exemplo. Para Kexfe, as prefeituras deveriam deixar “investimentos menores” em segundo plano, e “fazer coisas mais importantes”, como “dar uma assistência médica de qualidade a população, de forma mais abrangente”. Entre as “reais necessidades da Baixada”, Kexfe citou leitos de UTI, equipamentos, medicamentos e insumos.

Já o presidente do Sindicato Nacional de Terapeutas, Henrique Vieira Filho, vê com bons olhos a iniciativa. “As prefeituras estão cumprindo sua obrigação, que é dar direito a todas as formas9 de tratamento”, opina. Vieira assinalou que a formação e atuação de médicos e terapeutas são diferentes, mas quando se complementam, dão excelentes resultados. O Sindicato, em São Paulo, reúne oito mil dos cerca de 150 mil profissionais no País, e promove caravanas aos municípios mais carentes, sem custos para as prefeituras, para divulgar a eficácia das técnicas holísticas.

Aceitando a outra medicinaNOVA VIDA ATRAVÉS DA CURA

Pacientes e médicos que usam terapias holísticas destacam seus bons resultados

Terapeutas alternativos que trabalham há anos na Baixada com técnicas que buscam o equilíbrio energético global do corpo humano, também atestam que a procura por suas especialidades tem aumentado. O fisioterapeuta pós-graduado em acupuntura Cláudio Domingos da Silva, que desde 1978 clinica em Nova Iguaçu, diz que, no início o preconceito exista mais entre seus colegas da área de saúde, que hoje já recomendam o tratamento com agulhas criadas na China em 5.000 a.C.

Ao invés de fazer um raio-X ou correr o risco de usar colete de gesso, a dona de casa Maria Luiza Lopes, 59, optou pela acupuntura para tratar as dores na coluna, após uma queda. “Ainda dói, mas quando cheguei aqui na conseguia nem respirar direito. Estou na quarta sessão e me sinto bem melhor”, afirma Maria Luiza.

‘Essas práticas não tem nada de místico’

Para a psicóloga pós-graduada em psicossomática Silvana Fernandes Durães, que há oito anos mantém consultório em Mesquita, as terapias alternativas nada têm de místico ou esotérico. Silvana Durães adota a cromoterapia *exposição a diferentes cores) e os florais de Bach (manipulação das pétalas das flores) como técnicas auxiliares, à parte do atendimento psicológico, e atesta que emoções negativas retidas no corpo podem provocar doenças. “Os Florais de Bach são recomendados pela Organização Mundial de Saúde e as sete cores do arco-íris atuam na aura, no corpo energético de uma pessoa, facilitando o reequilíbrio. Esses tratamentos são uma filosofia, que provocam mudanças de hábito e de vida”, assinala Silvana.

O Terapeuta Corporal Rodolfo Correa Lima largou a Engenharia Metalúrgica a oito anos e não se arrepende. O alcoolismo fez Lima sofrer um acidente e, ao tratar do problema no joelho com o do-in, empolgou-se pelas mudanças que a automassagem provocou e resolveu estudar outras técnicas, como a acupuntura, o shiatsu e a reflexologia (reflexos dos órgãos nos pés, nas mãos e nas orelhas). “Minha vida mudou e sei, por experiência própria, que é possível mudar através do conhecimento interior. As terapias holísticas (naturais) são a profissão do século XXI. Seu próprio organismo pode produzir o que a farmácia fabrica para sua cura. Bata saber como estimular”, garante. Rodolfo Correa Lima informou que se no Rio os terapeutas cobram entre R$ 45 e R$ 100, na Baixada uma consulta custa entre R$ 25 e R$ 40.

Ambulatório faz seus remédios

Ao perceber que os pacientes do Ambulatório São Judas Tadeu, em Jardim Primavera, Caxias, não tinham os remédios para o tratamento, a direção do posto de saúde conveniado com o SUS resolveu montar uma farmácia de manipulação de plantas. Hoje, produz tinturas, pomadas, cápsulas e xaropes fitoterápicos que são doados ou vendidos a R$ 2 ou R$ 3.

Uma das administradoras do ambulatório, Idalina Tereza Gonçalves, informou que a farmácia tem capacidade para produzir 1.500 cápsulas ou mais de 500 vidros de tinturas por dia, mas hoje atende apenas 600 pessoas por mês, clientes do ambulatório. Se a psicóloga que atende na unidade trabalha com florais, o clínico geral, que faz a visita domiciliar a idosos é homeopata e o centro de fisioterapia usa a pomada de arnica para aliviar dores, sementes de uva com gengibre para reumatismo e óleo de alfazema como relaxante.

“Sem dúvida a utilização de métodos naturais como auxiliares nos tratamentos convencionais vem crescendo muito. São eficazes e, sabendo usar, não há contra-indicação”, reafirmou a fisioterapeuta Silvana Reis.

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