FONTE: http://www.saudeemmovimento.com.br/reportagem/noticia_frame.asp?cod_noticia=3215
Os programas de ginástica laboral são adotados pelas empresas principalmente para prevenir lesões entre os empregados, mas sem contribuir na redução do sedentarismo. “Os programas devem estar associados a uma estratégia de promoção da saúde, expondo seus benefícios para levar a mudanças de comportamento que não se limitem ao ambiente de trabalho”, recomenda a técnica em educação física Ana Lúcia Aquilas Rodrigues.
A pesquisadora realizou um estudo sobre o tema na
Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Durante sua pesquisa, Ana Lúcia
implementou um programa de ginástica laboral numa empresa do setor
farmacêutico, que nunca havia desenvolvido atividades do gênero. “Antes
da implantação, ela obteve informações sobre idade, gênero, horas de
trabalho, renda salarial, escolaridade, peso e altura dos funcionários
que se dispuseram a participar”, conta. “O nível de atividade física
foi medido com um questionário conhecido como IPAQ, além de um
pedômetro, aparelho que contabiliza o número de passos dados pela
pessoa”.
Os exercícios foram realizados pelos funcionários do
escritório, em sessões diárias de dez minutos, durante seis meses. “Com
o objetivo de identificar mudanças no ritmo de atividade física, houve
uma divisão por níveis de participação, com grupos que faziam duas,
três e cinco sessões de ginástica por semana”, relata Ana Lúcia. Cada
sessão tinha aquecimento, exercícios específicos, baseados no trabalho
exercido, e relaxamento. “Como os participantes faziam tarefas no
escritório, a prioridade era tonificar ou relaxar os membros superiores
e as regiões lombar e cervical”.
No início, a ginástica laboral
contou com a adesão de 130 funcionários, mas apenas 46 participaram até
o final. “O programa ampliou a atividade física no local de trabalho,
principalmente por meio de caminhadas, uma forma de exercício mais
conhecida e simples de ser praticada”, afirma a pesquisadora.
“Entretanto, no estudo não se encontrou evidências de que a ginástica
laboral estimulou o aumento da atividade física em outros ambientes
freqüentados pelos participantes”.
A pesquisa
aplicou um programa de exercícios convencional. Além das sessões de
ginástica, aconteceram três palestras com dicas sobre atividades
físicas e saúde. “Como não havia foco na promoção de saúde, o efeito na
mudança de comportamentos foi pequeno”.
A adoção das aulas de
ginástica deve estar associada às estratégias da empresa, segundo Ana.
“É indispensável o envolvimento das diretorias e gerências, que são
parceiros indispensáveis para o êxito do programa”, aponta. “Há casos
em que as áreas de Recursos Humanos implementam o programa sem ouvir
outros setores durante o planejamento das atividades, limitando a
participação e tornando-as pouco efetivas”.
Para a técnica em
educação física, a ginástica laboral deve estar integrada a uma
estratégia de promoção da saúde como um todo. “Ela não deve ser uma
iniciativa isolada, mas parte de um projeto de qualidade de vida no
trabalho”, afirma. “O trabalho mostrou a importância do aconselhamento
para ajudar na mudança comportamental e na redução dos níveis de
sedentarismo”. A Organização Mundial de Saúde recomenda 30 minutos de
atividade física moderada diariamente. A pesquisa é descrita na
dissertação de mestrado de Ana Lúcia, orientada pelo professor Mário
Ferreira, da FMUSP.
Texto: Júlio Bernardes
Fonte: Agência USP
Publicado em: 04/09/2009